Cada vez que tenho a (in)feliz ideia de insistir em ver os telejornais (qualquer um!) fica-me sempre aquela sensação de: pobres daqueles que não têm a capacidade filtrar o relativamente importante e daqueles que, não tendo outro meio de conhecer a realidade "lá fora", tenham mesmo de assistir àquilo... Tenho saudades dos telejornais feitos por jornalistas a sério, não por jornalistas sensacionalistas e cujas reportagens são feitas para captar as audiências e não para informar os telespectadores.
[depois desta pequena introdução, vamos ao que me prendeu a atenção!]
Manuela Ferreira Leite visitou hoje a Covilhã e, desta vez o que prendeu a atenção dos jornalistas não foram os óculos escuros, quadrados ou redondos já nem me lembro. Desta vez o que "resumiram" foram as seguintes declarações: "(...) aumento explosivo do número de contas bancárias abertas por portugueses (isto depois de uma visita às comunidades portuguesas em França) (...)" o que para ela demonstrava que o número de portugueses a emigrar para aqueles país.
A entendida em economia é ela! Eu, contento-me em mandar uns filetes de pescada. Mas parece-me que o facto de aumentarem o número de contas bancárias em França tem mais a ver com a (re)construção da vida de muitos portugueses em França e não tanto devido ao aumento da emigração, pese embora ela tenha aumentada nos últimos anos.
Ou seja, na minha modesta opinião enquanto que a vaga de emigração dos anos 70 e 80 emigravam, ganhavam dinheiro num país que nunca sentiam como seu, numa cultura que dificilmente conheciam e, muitas vezes, uma língua que não conheciam ou se esforçavam para conhecer. Quando "já" tinham o suficiente acumulado em contas bancárias em Portugal que lhe possibilitasse uma vida boa regressavam.
Ora, o que acontece na actualidade é que os portugueses que decidem emigrar fazem-no, igualmente, mas o objectivo não é regressar ao país de origem, mas construir a vida no país de acolhimento, constituindo-se como cidadãos desses paises de acolhimento, adaptando-se à cultura, à língua e à sociedade e, claro está, abrindo contas bancárias nesses paises.
Parece-me evidente que o que mudou foi o perfil de emigração. Já não temos verdadeiras comunidades emigrantes, temos unicamente comunidade de portugueses na diáspora, que sendo cada vez mais como defende a Dra Ferreira Leite merecem melhor tratamento do que o referente às suas contas bancárias que já não enchem o bolso aos banqueiros portugueses, mas a outros quaisquer. Esse é apenas um indicador, e os outros?!
E depois o burro sou eu?