Vivemos cada vez mais numa sociedade descartável. Onde tudo se compra e se deita fora. Vivemos numa sociedade da embalagem seja ela de vidro, de cartão ou de plástico a única certeza que fica é que depois de a utilizarmos a deitaremos fora, sem mais...
São as embalagens de leite. Ainda sou do tempo em que as pessoas da minha aldeia faziam fila à porta da vacaria do tio Manuel com um fervedor na mão para ser enchido de leite bem fresquinho. Hoje essas mesmas pessoas vão aos hipermercados bem longe da minha aldeia encher os carrinhos e depois os carros de embalagens e embalagens, algumas de leite que o tio Manuel continua a produzir...
São as embalagens de refrigerantes. Há uns 10 anos andava eu a ir à venda da tia Zeca comprar gasosas ou laranjadas para a minha avó que já não podendo, me encarregava de ir lá e pedir à tia Zeca 2 ou 3 garrafas de laranjada... Não saía de lá sem a recomendação de não me esquecer de depois lá levar as garrafas: "O filhinha não te esqueças". Hoje em dia, infelizmente, já não carrego com aquele saco de couro meio acastanhado da minha avó... Hoje vou ao supermercado e trago 2 ou 3 garrafas de plástico com gasosa e depois de se beberem acabam no lixo... como tantas outras embalagens!
São as embalagens de fraldas. Quando eu nasci... A minha mãe tinha de lavar as fraldas de 2 fedelhos que teimaram em nascer ao mesmo tempo. Hoje as mães vão aos hipermercados e trazem um pacote de fraldas de umas tantas unidades. Pacote esse que vem sempre muito bem acondicionado... o melhor mesmo é embrulhar em plástico e por fora uma mega embalagem de cartão onde se lê em letras bem gordas promoção ou então leve X e pague Y.
São as embalagens de cerveja. Há uns anos atrás a minha mãe quando havia mais gente cá em casa mandava-me à tia Neves (deixamos de ir tanto à tia Zeca) buscar uma grade de cervejas... Como era pequena íamos os dois manitos todos contentes rua abaixo até à vende e depois traziamos para casa a dita grade de cervejas. A recomendação da tia Zeca era-nos também dada pela tia Neves: "filhinhos depois trazei cá a grade!". Hoje vamos a um qualquer hipermercado e trazemos debaixo do braço umas quantas garrafas de minis. Estas vêm sempre bem acondicionadas, envoltas numa bela embalagem de cartão que há-de ter sempre uma qualquer promoção: "Viaje grátis com a XPTO".
A acompanhar todas estas embalagens. Depois de paga a conta ainda trazemos para casa uma multiplicidade de sacos e saquinhos de plástico, gentilmente cedidos por uma qualquer multinacional do comércio! O saco da minha avó continuará pendurado na sua velhinha cozinha...
E com todas estas evoluções... Foram-se as vendas. Foram-se as entregas das embalagens. Acumulamos todos os dias nas nossas casas em sem número de embalagens de plástico, cartão e vidro que ao fim e ao cabo não sabemos muito bem o que fazer delas. Ou sabemos? RECICLAR essas embalagens é parte da solução.
Hoje é dia mundial do ambiente. Dia de fazer balanços. Dia de fazer contas às contas que temos a acertar com o planeta.
Porém esta é só uma parte do problema e da solução. Esta é o fim de linha!
No início dessa mesma linha estão os produtos. Será que tudo aquilo que compramos nos faz, efectivamente, falta. Se olharmos para a nossa lista de compras mensais com atenção somos bem capazes de lá encontrar coisitas que por serem coisitas não nos fazem assim tanta falta como isso. O ideal será REDUZIR o nosso consumo.
Em relação a todo o lixo que levamos para casa sempre que saímos dos hiper´s há também muito que podemos fazer.... Por exemplo, os kg e kg de sacos que as catedrais do consumos nos dão todos os anos podem muito bem ser utilizados para levar até ao ecoponto mais próximos os restantes kg e kg de resíduos que produzimos diariamente. Outro bom exemplo são os jornais que para além de serem colocados no ecoponto azul são um belíssimo papel de embrulho. Com estes pequenos gestos estamos a REUTILIZAR resíduos que de outro modo acabariam no lixo.
Hoje, especialmente, é dia de fazermos um balanço. De repensarmos as nossas atitudes perante o planeta Terra que insistimos em devorar a cada dia que passa.
Desenho roubado aqui.