Hoje o mundo esteve de olhos voltados num único sentido, o sentido da mudança!
Desde a vitória de Obama no passado 4 de Novembro que muito se especulava sobre s ideias deste homem para o mundo, depois do ano novo a atenção virou-se para o conteúdo do discurso. Muitas publicações nacionais e internacionais apelidaram-no de messias, outros falando do seu carisma apontaram-no como o líder de uma nova religião - obamismo.
A meu ver tudo o que se disse é História e já há muito que faltava ao mundo um verdadeiro líder, mundividente e pluralista, que abrisse os olhos daqueles que impelidos pela crise de valores e de crenças se limitaram ao derrotismo e pessimismo, que outros tantos apelidam de crónico na nossa sociedade.
Eu fui um dos muitos milhões que acompanhei em directo a tomada de posse do novo presidente dos EUA, Barack Obama, emocionei-me quando ele próprio se "engasgou" na altura do juramento, o que faz prova da humanidade daquele homem que a partir de hoje carrega aos ombros as expectativas não só dos americanos, mas de todos aqueles que (ainda) acreditam na construção de um mundo melhor. As expectativas dos prisioneiros de Guantanamo, dos refugiados espalhados um pouco por todo o mundo, desde a Palestina, ao Sudão, ao Congo, ao Chade, dos jovens palestinianos mergulhados numa guerra de ódios que não é a sua, dos homens bomba manipulados por um qualquer líder fanático, as expectativas das crianças quenianas que personificam as de todas as crianças africanas subjugadas a um ciclo vicioso de pobreza. E para além de todas estas prementes expectativas carrega também as de todos os homens e mulheres do mundo ocidental que não sabem se amanhã terão trabalho, se poderão honrar os compromissos assumidos, as expectativas de milhões de pais que pretendem dar aos seus filhos o melhor. As expectativas de todos os excluídos do "sistema" que não têm nesta noite uma casa que os acolha, de todas as mulheres que neste noite vendem o corpo -e a alma - sob o jugo de redes de prostituição mundial. A juntar a todas essas expectativas estão as de todos nós, anónimos cidadãos da aldeia global.
Eu fui um dos muitos milhões que acompanhei em directo a tomada de posse do novo presidente dos EUA, Barack Obama e vibrei com o seu discurso. Há quem diga que foi pobre, que era expectável mais, que um líder messiânico deveria ter entusiasmado mais os 2 milhões que estiveram em Washington só para assistir à tomada de posse. Pois eu sou da opinião que o discurso não poderia ser mais incisivo. Em 18 minutos deu a volta aos problemas dos EUA, mandando inclusive um recado, a meu ver potente, para o Senado "não é hora de criancices", apelou à unidade nacional sem ter de fazer um discurso eloquente, mas que resume a tão falada frase de Kennedy - "Não perguntem o que é que o vosso país pode fazer por vós, mas o que vocês podem fazer pelo vosso país". E ao nível internacional resumiu também aquilo que irá ser a sua política externa: começou pela aldeia natal do seu pai para dizer aos líderes africanos que a democracia e a transparência na política são dois princípios sob os quais se deve guiar qualquer país, passou pelo Médio Oriente e deu também uma palavrinha aos extremistas religiosos daquela região.
Ao nível internacional, ainda, apraz-me parafrasear as palavras de Lipovac - "Consegue imaginar um homem de nome Barack Hussein Obama a conferenciar com os árabes? Consegue imaginar um negro, abandonado pelo pai, a conferenciar com países que nos desprezam? Não vê como ele pode chegar a pessoas de todos os cantos do mundo?"
A título muito pessoal espero que este momento histórico seja de viragem para uma nova era. Espero que seja o momento da América se unir ao resto do mundo e de em uníssono com ele contribuir para a construção de uma nova forma de encarar esse mundo. Um mundo onde ninguém é ou está contra ninguém, um mundo onde a paz é o valor fundador, onde se procure sempre uma via pacífica para os conflitos.
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