Não podendo mudar tudo do mundo num único instante… poderemos dar pequenos passos rumo a um mundo melhor para todos
Sexta-feira, 30 de Janeiro de 2009

Ora aqui está um título de post que poderia ter utilizado em tantos outros post que por aqui já foram publicados, mas neste dia pareceu-me o melhor título a dar depois de ter ouvisto (como se diz por terras da beira) o primeiro-ministro turco e Peres a discutirem num fórum que prima pelo silêncio, naquilo que ao mundo real diz respeito. Fala-se muito de crise é certo, mas creio que será a primeira vez que um facto destes acontece e que, ainda por cima, teve cobertura mediática.

 

Nos últimos meses tenho-me dedicado nas minhas horas livres ao estudo teo-logico das três grandes religiões monoteístas, entre as quais o judaísmo e o islamismo (e o cristianismo!), que neste cenário davesco se confrontaram nas figuras desses dois líderes: por um lado Ximon Peres, primeiro-ministro do único estado judaico no mundo e Tayyip Recep Erdogan, primeiro-ministro do colosso islâmico às portas da Europa.

 

Mas o que me apetece dizer é! Que maravilhosa bofetada de luvinha branca que o "terrorista islâmico" deu ao "pacífista judaico". A fechar o diferendo, o islâmco demonstrando uma inteligência muita acima da de qualquer pseudo-pacifista-judeu faz questão de lembrar que um dos Mandamentos da Lei de Deus (que valem para qulquer uma das religiões) é precisamente esse "Não matarás". E eu acrescento, não matarás o teu próximo e a seguir complemento com a Declaração Universal dos Direitos Humanos independemente da idade, sexo, confissão religiosa, com mais uns eteceteras.

 

Para um purissimo judeu nada é mais sagrado (passo a blasfémia) do que a protecção do seu quadradinho, nem que para isso se tenham de utilizar armas químicas e proibidas pelas convenções internacionais sobre armamento!

publicado por M.M. às 23:27

Quinta-feira, 29 de Janeiro de 2009

«Em Portugal há um beijoqueirismo excessivo e desnecessário em determinadas situações de cariz profissional. Já começa a ser confrangedor o hábito de beijar mulheres estranhas numa reunião laboral. Mas se há casos em que alguém se arma em anglo-saxão e estica um "passou bem", logo é olhado como o badameco do arrogante»

 

Revejo completamente a minha versão sobre o beijoqueirismo português nestas palavras de Luís Pedro Nunes (publicadas na Única da última semana). Devo dizer que entro em parafuso quando tenho de beijocar pessoas que nunca vi e com as quais não tenho nenhum tipo de relação.

 

Ainda me lembro quando cheguei a Lisboa e tinha que todos os dias de manhã cumprimentar as minhas colegas de trabalho com dois osculus, isto até ao dia em que tive que lhes dizer que para mim não fazia o mínimo sentido beijar alguém que via todos os dias e com quem passava 8h de trabalho.

 

Outra situação que sempre me acontece é quando tenho de falar com um "cão grande" do funcionalismo público, depois de estar à espera horas a fio, tenho que beijar aquele pançudo ou aquela tiazona que de tão maquilhada não conseguimos perceber se por debaixo dela está uma mulher ou não... nem sequer me dão a oportunidade de esticar a mão e demonstrar a minha "arrogânica".

 

Adorei trabalhar para uma multinacional anglo-saxónica (porque será?), onde quando havia a necessida de cumprimentar alguém, por mais vezes que falasse com eles ao telefone, esse cumprimento era feito com um belo "passou bem", em vez de dois beijos hipócritas, como se faz na nossa culturazinha à beira mar plantada.

 

É tudo um questão de cultura. Se calhar sou eu que tenho de me habituar à nossa hipócrito-cultura beijoqueira :)

 

Claro que se um brasileiro/a vem ao meu encontro a correr e me dá um beijo e um abraço apertado eu não me retraio, pois sei que é cultural e não tem por detrás dele nenhuma hipocrisia ou cinismo. O mesmo se passa com os africanos (especialmente os da lusofonia, os francofonos e os anglo-saxões já são outra fruta, outra vez) que nos abraçam com aquele coração que só eles têm, mas que quando se trata de relações profissionais também sabem esticar a mão e cumprimentar-nos sem a efusividade que a seguir percebemos que têm.

 

Acho que no meio de tudo isto somos nós que temos de deixar o beijoquismo snob.


Quarta-feira, 28 de Janeiro de 2009

«A patria adora conversar sobre professores. A pátria, porém, nunca fala sobre educação. Portugal ainda não arranjou coragem para lidar com este facto: os alunos acabam o secundário sem saber escrever (...) A coisa mais básica - seber escrever - deixou de ser relevante na escola portuguesa. De quem é a culpa? Dos professores? Certo. Do  Ministério? Certo. Mas os principais culpados são os próprios pais. Mães e pais vivem obcecados com o culto decadente da psicologia infantil (...) Não se pode dizer que o "menino" escreve mal porque isso pode afectar a sua auto-estima. Ou seja, o rapazola pode ser burro, desde que seja feliz. O professor não pode marcar trabalhos de casa porque o "menino" deve ter tempo para brincar. Genial: o "menino" pode ser preguiçoso, desde que jogue na consola (...) Neste mundo Peter Pan os erros não existem e as coisas até mudam de nome. O "menino" não escreve mal; o "menino" faz, isso sim, escrita criativa. O "menino" não sabe escrever a palavra "recensão", mas é um Eça em potência.

 

Caro leitor, se quer culpar alguém pelo estado lastimável da educação, então, só tem uma coisa a fazer: olhe-se ao espelho. E, já agora, desmarque a próxima consulta do "menino" no psicólogo.»

 

Henrique Raposo, Expresso



Uma das faces está por estes dias em Belém, no Brasil. A outra face está reunida em Davos, na Suiça.

 

 

Imagem retirada daqui.

 

 

Em Belém estarão presentes 120 mil pessoas de 150 países e a realização de 2,4 mil debates sobre temas como meio ambiente, aquecimento global, crise económica no mundo, miséria e exclusão nos países pobres, além da devastação da Amazónia. 

 

Em Davos estarão cerca de 2000 pessoas de pouco mais de 50 países, o tema omnipresente é a crise, levando a debates com nomes curiosos e sintomáticos como Os Valores por detrás do Capitalismo de Mercado? e Morte do Consenso de Washington?? (com interrogação, naturalmente).

 

Contra a hipocrisia do capitalismo reunido em Davos, o mundo responde com uma demonstração do que deveria ser um verdadeiro mundo plural e democrático. Pena que o secretário-geral das Nações Unidas continue do lado dos ricos e poderosos, em vez de se colocar do lado dos pobres a abandonados, representados em Davos pélos líderes de associações ambientalistas, movimentos sociais, organizações da sociedade civil, entidades sindicais e estudantis, entre outros.

publicado por M.M. às 13:48

Terça-feira, 27 de Janeiro de 2009

“O capitalismo, tal como é praticado, é uma lucrativa e insustentável aberração do desenvolvimento humano. O que pode ser chamado de “capitalismo industrial” não o é conforme com os seus próprios princípios de prestação de contas. Ele liquida o seu capital e chama a isso rendimento. Despreza a atribuição de qualquer valor ao maior stock de capitais que emprega – os recursos naturais e os sistemas vivos, bem como os sistemas sociais e culturais, que são a base do capital humano.”
 
Adaptado de Hawken, Lovins e Lovins (1999), Natural Capitalism
 
 
 
O desemprego pode suscitar mil e uma discussões teóricas e ser (in)evitável como "destruição criadora", como "reconversão" da nossa economia, como efeito de políticas erradas na assentam no engodo do "modelo social europeu" insustentável face à situação actual, nem que mais não seja a relação natalidade-mortalidade.
 
A actual situação do emprego arond the world, face à actual crise do capitalismo parece ser inevitável pois o mercado não tem a plasticidade suficiente para encontrar alternativas que tornem "criadora" a "destruição" dos milhares de postos de trabalho anunciados neste fatídico 27 de Janeiro de 2009.
 
Pelo facto de não "termos" uma solução a curto-prazo para a  situação isso não implica que todos nós não devemos deixar de olhar para cada um destes desempregados e para as suas respectivas famílias que a partir de hoje vêm o seu futuro menos risonho, mais negro, mais inseguro. Eles sentem que falharam, tinham algumas ilusões que perderam. Mas "nós" - em contraste com o "eles" - falhamos mais se não temos a consciência de fazer alguma coisa. Porque se pode na acção cívica, no mundo empresarial, na política, fazer muita coisa por estes "novos" desempregados, especialmente pelas mulheres que não se podem voltar a subjugar ao jugo machista da sociedade em que vivemos, resumindo a sua condição à de mãe de família e de fada do lar, elas muito lutaram pela sua emancipação para serem agora "obrigadas" a regressar ao lar doce lar, perdendo com este regresso as vantagens proporcionadas pelo mundo de trabalho - a não ser que o PND ganhe as próximas eleições e passe a atribuir um salário a todas as donas de casa, perspectiva bem irrealista a meu ver!
 
O alerta que me apetece fazer é aos governos desses países espalhados à volta do mundo. Não olhem para estes desempregados como mais um número da inevitabilidade crítica da economia de mercado actual.
E um alerta muito pragmático para o governo português. Em ano de eleições era bom não se voltarem mais uma vez para o betão, mas por uma vez - e importante vez - para as pessoas. 

Segunda-feira, 26 de Janeiro de 2009

[thisisblasphemy.gif]

 

Passar uma tarde inteira no Ministério da Agricultura a ser "atendida" por dois engenheiros que percebiam tanto de computadores como eu de programação informática.

 

Valeu-me a complacência da dona Sandra que explicou aos seus superiores hierárquicos, aquilo que lhes estava a dizer desde o início: o documento que têm à vossa frente é o MESMO que estão a tentar  tirar do google earth.

 

Não acreditando nisso, teve de ser a dona Sandra a tirar o mapa do google (poucos minutos, depois dos bons 45 minutos dos "sôres inginheiros") e eu a pedir-lhes para sobreporem as duas folhas e verem se os limites não eram os mesmos...

 

Eis o estado do funcionalismo público português.


Domingo, 25 de Janeiro de 2009

Era uma vez

Uma fábula famosa,

Alimentícia

E moralizadora,

Que, em verso e prosa,

Toda a gente

Inteligente

Prudente

E sabedora

Repetia

Aos filhos,

Aos netos

E aos bisnetos.

À base duns insectos

De que não vale a pena fixar o nome,

A fábula garantia

Que quem cantava

Morria

De fome.

 

E, realmente…

Simplesmente,

Enquanto a fábula contava,

Um demónio secreto segredava

Ao ouvido secreto

De cada criatura

Que quem não cantava

Morria de fartura.

 

 

Miguel Torga

Fonte.

publicado por M.M. às 20:13
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Quinta-feira, 22 de Janeiro de 2009

Soube hoje que no dia 19 de Janeiro passaram 200 anos sobre o nascimento de um grande génio que por estes dias povo-a a minha mesa de cabeceira: Edgar Allan Poe.

 

Aqui fica uma passagem do Gato Preto:

 

«E para minha queda final e irrevogável, o espírito de maldade fez a sua aparição. Deste espírito não fala a Filosofia. No entanto, não estou mais certo da existência da minha alma do que do facto de a maldade ser um dos impulsos mais primitivos do coração humano; uma dessas indivisas faculdades primárias, ou sentimentos, que deu uma direcção ao carácter do homem. Quem se não surpreendeu já uma centena de vezes comentendo uma acção néscia ou vil, pela única razão de saber que a não devia cometer? Não temos nós uma inclinação natural para violar aquilo que constitui a Lei, só porque sabemos que o é?»

 

Um génio, sem dúvida. Estas palavras são mais um belo exemplar do discorrer do seu fantástico romantismo negro.

 

Aconselho vivamente a leitura da obra de Poe.

 

Foto retirada daqui.

publicado por M.M. às 23:22

Quarta-feira, 21 de Janeiro de 2009

 

 

 

Outras fotos aqui.

publicado por M.M. às 16:14


Hoje o mundo esteve de olhos voltados num único sentido, o sentido da mudança!
 
 
Desde a vitória de Obama no passado 4 de Novembro que muito se especulava sobre s ideias deste homem para o mundo, depois do ano novo a atenção virou-se para o conteúdo do discurso. Muitas publicações nacionais e internacionais apelidaram-no de messias, outros falando do seu carisma apontaram-no como o líder de uma nova religião - obamismo.
 
A meu ver tudo o que se disse é História e já há muito que faltava ao mundo um verdadeiro líder, mundividente e pluralista, que abrisse os olhos daqueles que impelidos pela crise de valores e de crenças se limitaram ao derrotismo e pessimismo, que outros tantos apelidam de crónico na nossa sociedade.
 
Eu fui um dos muitos milhões que acompanhei em directo a tomada de posse do novo presidente dos EUA, Barack Obama, emocionei-me quando ele próprio se "engasgou" na altura do juramento, o que faz prova da humanidade daquele homem que a partir de hoje carrega aos ombros as expectativas não só dos americanos, mas de todos aqueles que (ainda) acreditam na construção de um mundo melhor. As expectativas dos prisioneiros de Guantanamo, dos refugiados espalhados um pouco por todo o mundo, desde a Palestina, ao Sudão, ao Congo, ao Chade, dos jovens palestinianos mergulhados numa guerra de ódios que não é a sua, dos homens bomba manipulados por um qualquer líder fanático, as expectativas das crianças quenianas que personificam as de todas as crianças africanas subjugadas a um ciclo vicioso de pobreza. E para além de todas estas prementes expectativas carrega também as de todos os homens e mulheres do mundo ocidental que não sabem se amanhã terão trabalho, se poderão honrar os compromissos assumidos, as expectativas de milhões de pais que pretendem dar aos seus filhos o melhor. As expectativas de todos os excluídos do "sistema" que não têm nesta noite uma casa que os acolha, de todas as mulheres que neste noite vendem o corpo -e a alma - sob o jugo de redes de prostituição mundial. A juntar a todas essas expectativas estão as de todos nós, anónimos cidadãos da aldeia global.
 
Eu fui um dos muitos milhões que acompanhei em directo a tomada de posse do novo presidente dos EUA, Barack Obama e vibrei com o seu discurso. Há quem diga que foi pobre, que era expectável mais, que um líder messiânico deveria ter entusiasmado mais os 2 milhões que estiveram em Washington só para assistir à tomada de posse. Pois eu sou da opinião que o discurso não poderia ser mais incisivo. Em 18 minutos deu a volta aos problemas dos EUA, mandando inclusive um recado, a meu ver potente, para o Senado "não é hora de criancices", apelou à unidade nacional sem ter de fazer um discurso eloquente, mas que resume a tão falada frase de Kennedy - "Não perguntem o que é que o vosso país pode fazer por vós, mas o que vocês podem fazer pelo vosso país". E ao nível internacional resumiu também aquilo que irá ser a sua política externa: começou pela aldeia natal do seu pai para dizer aos líderes africanos que a democracia e a transparência na política são dois princípios sob os quais se deve guiar qualquer país, passou pelo Médio Oriente e deu também uma palavrinha aos extremistas religiosos daquela região.
 
Ao nível internacional, ainda, apraz-me parafrasear as palavras de Lipovac - "Consegue imaginar um homem de nome Barack Hussein Obama a conferenciar com os árabes? Consegue imaginar um negro, abandonado pelo pai, a conferenciar com países que nos desprezam? Não vê como ele pode chegar a pessoas de todos os cantos do mundo?"
 
A título muito pessoal espero que este momento histórico seja de viragem para uma nova era. Espero que seja o momento da América se unir ao resto do mundo e de em uníssono com ele contribuir para a construção de uma nova forma de encarar esse mundo. Um mundo onde ninguém é ou está contra ninguém, um mundo onde a paz é o valor fundador, onde se procure sempre uma via pacífica para os conflitos.

 

Também publicado aqui.



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