Ao caminharmos para Fátima tivemos sempre presente o povo de Dayle. Mas, com o grupo do Sul (que partir da Azambuja) caminhava um caminhante muito especial, o pe Feliz que trabalho no Sudão desde os anos 80, neste momento, com os milhares de refugiados que chegam ao campo de Nyala todos os dias... Um testemunho e uma vivência incomparáveis, que nos deixam sempre com a ideia de "muito mais se poderia fazer se houvesse vontade"! Precisamos, no entanto, de acreditar que o futuro ainda poderá sorrir para todas as pessoas massacradas pelas milicias do Governo de Cartum.
Hoje continuam a ser ceifadas vidas de inocentes. Já não há a imponência das milicias que chegavam montadas em cavalos ou em camelos para destruir as aldeias, mas as milícias passaram a ter outro tipo de presença, mais subtil, mas não menos mortífera!
O poema abaixo retrata o desespero, a morte, mas também a luta, ainda que muitas vezes seja suicída...
E ceifaram-nos.
Os assaltantes levaram os velhos
E ceifaram-nos
Os assaltantes levaram as mulheres
E ceifaram-nas.
Os assaltantes levaram as crianças
E ceifaram-nas.
Não temos casa,
Foi ceifada.
Não temos cereais,
Foram ceifados.
Não temos leite,
Foi ceifado.
Agora os nossos filhos partiram para lutar,
Serão ceifados.
Lamento zaghawa