Chega esta altura do ano e já sabemos que as montras das lojas se enchem de corações de todos os tamanhos, acompanhados de ursinhos ou solitários, todos com uma mesma inscrição I love you.
Eles estão por toda a parte. À direita, à esquerda...
De canecas a molduras, de almofadas a boxers, de t-shirts a aventais, de toalhas a tapetes, é difícil encontrar o que quer que seja que não tenha por estes dias aquela outra verdade feita do all we nead is love. Haverá prova maior de amor do que no dia dos namorados receber uma lingerie super sexy com um I love you a etiquetar a peça? [grrrrrrr]
Nesta época do ano o S. Valentim - e ainda há quem seja ateu e agnóstico e coisa e tal - faz entrar no bolso dos nossos comerciantes uns tantos euros, que face à crise que por aí anda, até se agradece.
Fala-se no dito santo e caímos todos numa espécie de adormecimento provocado por um estado semi-hipócrita do peace and love for all. Por estes dias temos o melhor namorado ou namorada, o melhor marido, a melhor esposa, o melhor amante, a melhor cuncubina.
As floristas não têm mãos a medir, há sempre o marido atrasado que tenta compensar todas as falhas durante o último ano com a cara metade num belo ramo de rosas vermelhas, que é para ver se a paixão (volta) a arder. Os restaurantes enchem-se de esforçados casalinhos que tentam avivar a chama da paixão. Os mais velhos lembram as paixões da adolescência, aquela vizinha boa(zona) ou aquele ilustre desconhecido que dava as caras pelos bailes da aldeia em pleno verão.
No dia seguinte, dia 15 volta tudo a ser como no dia 13. Os maridos esquecem-se de baixar a tampa da sanita, as esposas dedicadas já não fazem a sobremesa preferida do mais que tudo. O namorado já não convida a sua cara metade para um programa alternativo. A namorada já só volta a chamar o dito cujo de mor, sem o amo-te a seguir. Volta tudo à (boa e velhinha) rotina.
Só o amor verdadeiro e desisteressado vale a pena.
O resto acredito (e espero que também acreditem) é plástico. Ainda por cima americano.